sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A Ilha Dos Prazeres Esquecidos




Meu vizinho passa em frente  a mim
E me deseja um bom dia.
Ele supõe que tem tudo
Em suas mãos,
E que tem o controle
Do que planeja para si.


O sol aquece a grama
De meu jardim,
E na sala da  casa,
Minha filha assiste
Seu programa favorito.


Ela se levanta da cadeira
E de forma faceira,
Se ajeita ao meu lado,
com um sorriso de esperança
estampado no rosto.


E com seus pequeninos braços,
Me abraça fraternamente,
Pedindo que fique ali,
Do seu lado em frente a tela da tv.


E num pequeno gesto
Construo seu castelo de diversões,
Fazendo-a sentir-se bem.
E sem nenhum disfarce,
Divido com ela esse momento,
Não a privando de seus sonhos.

A Dama Da Escuridão





   Metade de uma madrugada fria. sentado no sofá da sala, fico defronte a tv, sintonizada em um canal qualquer, É o que  me faz compahia. Porém, não estou sozinho hoje. Minutos antes, tive uma transa com um amante amiga, que agora dorme silenciosamente em meu quarto, satisfeita pela prazerosa junção de nossos corpos outrora suados de euforia e sexo.
    Queria continuar onde estava,deitado com a cabeça no travesseiro aconchegante de minha cama, Mas sorrateiramente, a insônia resolveu também me visitar, me preparando para outra noite em claro. Decido então que o melhor a se fazer, é ficar no outro cômodo da casa, ou seja,a sala. Marcy,a tal amante companheira, aceita minha ausência temporária, sem questionar. Sorte minha. É angustiante não conseguir adormecer, ao lado de quem conta até carneirinhos.
   É também a deixa para que vá para a rua, e encontre meu fornecedor de prazeres psicotrópicos, no trailer de lanches 24 hrs daqui da área, o qual é visitado toda noite por motoristas de caminhões, canas e outras pessoas. Antes de Marcy chegar na minha casa, havia me sobrado apenas algumas gramas de coca, o que não era suficiente, mesmo para alguém que utiliza dela eventualmente.
  Levanto do sofá, e troco a camisa surrada da turnê japonesa de minha banda favorita, por algo mais apresentável. Abro o portão, e sigo para meu destino peculiar.
  Cada passo meu, desfaz o silêncio por onde piso. Olho pros  lados e me sinto solitário. Mas por poucos segundos. Á minha frente, dobrando a esquina, alguém também está a caminhar. Era uma mulher, que nota minha presença,de modo desconfiado,olhando 2 vezes seguidas para trás.
 Acelero o passo,sem ela perceber. Consigo ver seu rosto. Era um belo exemplar típico da cor do pecado. O corpo de ébano vestia um top azul piscina, compartilhado de uma calça precisamente colante em suas belas nádegas curvilíneas.
  Tenho verdadeiro tesão  por essas deusas da negritude. Mas como convidar aquela mulher a meus aposentos, se por uma má sorte do destino, há outra dormindo em minha cama ?
   Instintivamente, insisto em me aproximar.
   - Oi. Não se assuste. Moro aqui, Só estou indo comprar meu veneninho do prazer- Disse eu, de forma passiva, para tranquilizá-la.
   -Tudo bem. Nada nessa vida me assusta nos dias de hoje.-Disse ela, com olhos meio arregalados e  braços cruzados entre os belos seios.
   Sem titubear, pergunto seu nome e se morava ali. ela com o olhar sereno, diz que mora em Gramacho, e que se chamava Simone, para os mais chegados. Saquei naquele momento, que se tratava de uma dama da noite, saindo de seu expediente. Continuamos a andar lado a lado, sem flertes, mais á vontade, trocando algumas poucas palavras,e já chegando próximo de onde iríamos desviar nossos destinos. Em uma última tentativa, sem saber o que fazer, insisto numa aproximação mais direta ,porém idiota. Olho para Simone, insinuante, e peço um  simples beijo. O que ela de forma delicada, me nega.
- Não rola gato. Meus lances,faço por grana-disse Simone sorrindo,direcionando seu olhar para chão, tímida.
   Sem uma opção, digo que tudo bem, mudando meu intinerário, o que ela também faz, distanciando seus passos e sorrindo, como se fosse um "até logo". Meu olhar fica direcionado em sua bela bunda,a mexer deliciosamente, em seus passos largos.
  Assim, de posse de meu fruto proibido, retorno á meu castelo suburbano, com a impressão de que a noite hoje se fez diferente, de certa forma. Lembrarei dela e também  de Simone. Não como qualquer puta , mas sim como uma entre  várias pessoas no mundo, que andando em círculos, tem dentro de si a esperança de novos acontecimentos, vagando  noite após noite, por ruas escuras, encontrando semelhantes personagens á seu redor.

Pecados Da Alma




De novo preso
Em minha cela,
Assumo a culpa
Dos impensáveis erros
Cometidos por mim.


Desprezo o perdão
Como quem nega
Um pedaço de pão.
Me movimentando
Sem pensar.



E em cada passo
Não ensaiado,
Danço com a derrota,
Liberando toda a culpa
Das ações minhas,



Não foi o que
Quis encontrar,
Mas receberei sem questionar
O castigo resultante
De minhas ações.
Sem culpar Deus,
Seja Ele quem for.

Auto Retrato




Meu corpo se veste de em matéria escassa, que se faz completa em mim, no meu interior. A pele respira e vive arte.e o coração bombeia o sangue da vida. Vida que respiro em 2 mundos distintos e paralelos dentro de mim. Um me faz forte, e o outro me desgasta, como numa faca de dois gumes.
Me alimento do amor imcompreendido do poeta, interpretadas em cores do cotidiano. Misturo as cores desse sentimento voraz, e Encaro tudo a volta numa mistura de cores e situações variadas, de momentos simplórios.
E nesse redemoinho de sensações,o que significa felicidade enfim ?
Não sei ao certo. Para alguns pode ser o cargo burocrático oferecido pelo seu chefe numa empresa, ou a troca de um carro novo,uma foda num hotel barato, ou até mesmo o sabor de um doce na boca de uma criança.
Mas prá mim, felicidade é tão somente algumas raras cenas editadas no filme do dia a dia. Um filme, um disco, um livro. Cada uma dessas coisas, me dá prazer voraz e necessário, tão maior que o sexo, que diferente deste, não termina no gozo ou no esperma. A arte me dá o divino prazer da vida, e que me faz poder suportar tudo em minha volta.

Backstage




Quando estou no palco,
Tenho o mundo em minhas mãos.
Cicatrizo as chagas
De minha alma solitária,
E a cada nota tocada,
Sinto calor e êxtase.


Minhas ideías enfim
São compartilhadas
Por pessoas
Iguais a mim,
Sedentos pela busca
De sua identidade pessoal.


E num ritual enlouquecido,
Pessoas expulsam seus demõnios,
Celebrando a vida
Da forma mais simples possível,
Entre amigos, som e fúria adolescente.

Aceitação E Perda II




O guerreiro sabe
A hora certa
De cessar sua artilharia,
Quando o seu tempo se faz escasso.


Não lutarei contra o tempo,
Tempo que  me restou
E que me faltou.

Se fazer de forte para
Esconder a real situação.
É ocultar o momento
Em que me torno frágil,
E assim,me faria um covarde,
Por não aceitar
Que tornei-me perdedor.


Ser forte é aceitar
A derrota de forma digna,
sem se tornar uma piada
De si mesmo,
Refletida no espelho.

E também me faz enxergar além,
E ter a possibilidade de acertar
onde houve o erro,


E que isso não se torne
Uma meta ou sina,
Que seja o último motivo
Para se  conquistar algo,
De modo desesperador e obsessivo.

Aceitação E Perda




Que meus últimos minutos
Sejam preenchidos,
Com o passar de cenas
De minha vida,
Em stop motion.
Que sejam cortadas e decupadas
Todas minhas frustrações e tentativas
De ideais não finalizados,
Por culpa de  meu próprio
Descaso e Falta de competência.



Que  a minha derrota
Represente não o fracasso,
Mas a tentativa
De fazer valer
O que acredito.


Que eu aceite
De forma digna,
O que pude alcançar,
Do que foi limitado a mim.

Manifesto Literário Das Ilusões





Quero me tornar invisível,
Neutro nesse mundo
De conspirações e mentiras
Esse mesmo mundo
O qual me torna alguém infeliz,
Me fazendo gritar
E não ser ouvido.


Mundo de omissão e mentiras,
Criadas por pessoas
Que se fazem cegas
Em relação a seus semelhante,
Negando a mão a quem necessita.


Importante é o vil metal
aos olhos dos ignorantes,
Que se preocupam em ter mais,
Não oferecendo
A quem  tem de menos,
Gerando uma diferença de classes
Fadadas a lutar
Por um falso modo de vida.
Achando que ela se resume
Ao brilho cor de prata
De um Renault.


Não preciso desses bens materiais,
Que só fariam desconfigurar
Meu caráter e civilidade moral,
Trasformando-os em
Egocentrismo e frieza,
Nascendo  inveja
Em quem se ilude
com  falsas alegrias.

O que preciso é
Um lápis e um caderno.
Estes sim me fazem tornar
Uma pessoa melhor e mais elevada,
Conseguindo trazer alegria,
Ao cotidiano dos exclúidos
e de quem mais necessitar.


E se o acaso faça com que
Eu me encontre com a morte
De forma inesperada,
Que ao menos eu seja reconhecido
Pelo que escrevo,
E não pelo que o sistema
Me força a ser,
Nesse imundo mundo programado
A favor de quem tem mais,
E renegando quem tem menos.

Últimas Notícias





O sol se vai
E ratos aparecem
De todos os cantos
Da cidade cinza.


Do outro lado,
Sobreviventes do caos
surgem com o grito
Sufocado pelo tempo,
Onde as barreiras e paredes 
Parecem ter vida própria.


Confiantes,lutam por igualdade
Num reality show sangrento e opressor,
Patrocinado por uma
Máquina capitalista,
Que faz o seu próximo
Se tornar antagonista.


Eles irão lutar também,
Em contrapartida
De forma desleal,
Criando conquistas 
Para quem está oculto,
Se escondendo do que
Possa se tornar sua ruína 


E empunhando seu objeto bélico,
Sente-se poderoso,
Destruindo os sonhos
De uma liberdade coletiva.


O saldo final serão 
De mortos e feridos,
Cobaias experimentais
Da fúria opressora,
Irracional
E ameaçadora,
Da máquina.


Palavras



                                          


Escrevo palavras que
Me fazem sair desse mundo.
Crio seres idênticos,
Feitos á minha 
Imagem e semelhança,
Com defeitos e perfeições
De qualquer ser existente.


cada um deles tem um pouco
Do que sou e penso.
Características divididas
De um único ser.


E em sua realidade
Não se preocupam
Em alcançar uma dita
Perfeição.
Acreditam que seus erros
Não podem ser lapidados,
Vivendo de forma
Mais simples e clara,


Brinquedo Do Diabo





Não sou mais a criança perfeita
Que outrora meus pais
Vislumbravam.
O brilho dos olhos verdes
Deu lugar a um olhar soturno,
Dilatado pelo tempo.


Tornei-me ser escravo,
Condenado por 
Ações impensadas.
Um homem perdido
Em seu próprio caminho.


Sigo em frente
Resistindo a minha sina.
Todavia, sinto que
A busca por redenção
Nunca esteve tão distante.


E com o corpo rodopiando 
Por dentro do furacão,
Fico a aguardar
O momento de calmaria,
Mesmo que a longo prazo.


Me resta viver
Á espreita de
Uma suposta fagulha
De esperança.
Mesmo que meus pés me levem
A um caminho sem volta.

O Índio Na Selva De Pedra.




   Em meus momentos livres em casa,fiz algo que  durante 4 dias de cada semana, me questiono,que é o de  saber o motivo de estar nesse mundo,exercendo uma função em um emprego formal, que embora não me agrade,faz com que possa  pagar minhas contas,enquanto que em uma outra função, mais discreta e sem um certo reconhecimento ainda, e  outra, onde não ganhando quase nada,me dê prazer,que é o de escrever.
    Acho de um desgaste enorme trabalhar num emprego em que eu consiga renda, mas não satisfação. Porém aceito a condição,para manter-me vivo,até que apareça uma boa alma, que reconheça a força e qualidade de meus textos.
    Em meu emprego formal, exerço funções de forma simples, com erros e acertos que possam ocorrer do dia a dia de trabalho. O que me grila é que não só eu,mas muitas pessoas que sabem da minha afinidade literária,quando lêem algo que escrevo, elogiam de forma sincera (seja a pessoa desconhecida ou  de meu círculo de amigos),sentindo  a qualidade do que produzi e publiquei,seja uma crõnica em blog/site ou livro. Ás vezes se sentem como se fossem personagens do texto em si até.
    Sendo bem sincero e deixando um pouco a modestia de lado, sinto muita qualidade em meus textos. Muita mesmo. Afinal de contas,pensem comigo: se meus textos fossem ruins, me disponibilizaria a publicá-los ? Se percebo que são bons, deixaria de mostrar a uma ou mais pessoas ? Não sou dramaturgo, mas vejo que meus textos tem muito mais força e sinceridade, do que muita coisa que um autor de nível superior formado escreve. E isso não é só uma opinião minha não. Já ouvi outras pessoas fazendo a mesma comparação.
   Não almejo ser um autor de best sellers,ou de grande escalão. Ouvi dizer uma vez até, que um escritor novato só consegue algum crédito do seu esforço, lá pelo seu terceiro ou quarto livro. Porém, isso não me importa.
   O que me preocupa, é não poder ampliar e dar visibilidade, a textos tão cheios de qualidade ( e ás vezes nem tanto, por que não ? Não sou perfeito), fazendo com que meu esforço seja em vão, não podendo assim dividir o que sinto e passo no papel,a leitores e simpatizantes da literatura.
   Também me daria por satisfeito, se ao menos pudesse sobreviver dos meus livros e textos, e com isso obter tempo livre para ler outros autores,pesquisar e escrever. Porém, minha atual realidade me faz cronometrar horários, limitados entre o tal trabalho formal e afazeres de casa do cotidiano. O que no fim sobra dentro desse tempo curto, é o que melhor sei fazer, que é escrever. Parece algo utópico, mas não é.
   Não busco o glamour que muita gente pensa existir no tal dito "escritor". Acho o título até de certo modo, pouposo e arrogante. E embora eu tenha que admitir realmente que eu seja um, me vejo apenas como um "contador de causos", que sente prazer em dividir sentimentos e momentos de reflexões de uma vida corrida,e  que por meio de caneta e papel, possa expressar e dividir coletivamente, esses momentos.
   Outra: não menosprezo o emprego formal,seja ele qual for. Só não sinto vontade de me dedicar a ele, sabendo que posso me dedicar a escrita, produzindo muito mais e de forma bastante eficaz. Tenho certeza que há pessoas que exercem suas funções, dentro de um emprego formal, com a mesma dedicação de alguém que tenha uma função diferenciada, e fora do que é o cotidiano de uma empresa privada ou pública.
   É verdadeiramente gratificante, quando alguém comenta : "Carlos, adorei o seu texto e me vi nele, vivi aquele momento". Ou quando dizem "Seu texto é bem simples e direto,sem  preocupação em usar uma escrita mais acadêmica ou metáforas exageradas". Dessa forma, sinto que essas pessoas conseguiram captar a ideía dos meus contos, crônicas e poesias. É um ponto muito positivo, independente da grana que possa ou não ganhar.
   Escrevo sim de forma bem pessoal,sem que se torne o texto, algo biográfico, misturando muitas vezes situações reais com ficção, mas com uma escrita simples (não confundir com escrita pobre ou sem senso), onde torno a leitura leve, fazendo com que o leitor se sinta envolvida nela. E também quem sabe, que ele tenha a mesma sensação de prazer que senti, na hora em que finalizei o texto.
   Fica aqui meu desabafo em escrito, mesmo sem ter a minha questão lá do primeiro parágrafo, respondida. Talvez eu seja apenas um resmungão, e que meus amigos e leitores tenham realmente razão. Só espero que eu esteja vivo para saber do que a vida possa me dar,escrevendo ou não.

(RE) CONSTRUÇÃO

Reconstruo meu mundo  Com novos rostos e nomes. Reformulo cenas Passadas e vividas Do que um dia vivi. Revezo...